Autocarro
Há uns anos atrás fui fazer noites para casa de um senhor. Era um senhor alto, viúvo há vários anos, tinha 4 filhos. O senhor estava a viver com uma das filhas.
Aqui havia dois pequenos problemas - o próprio senhor que não aceitava muito bem o facto de haver uma mulher que o ajudava a vestir-se e a despir-se e que o ajudava a levantar-se e a deita-se. Mas isso seria uma questão de tempo; o outro problema era a própria da filha.
Eu estava ali para fazer noites: entrava ás nove da noite e saia ás nove da manhã. As famílias têm muito por hábito pedir ás empresas que seja só uma cuidadora porque não querem que os familiares vejam muitas caras. Não consigo concordar com esta opinião. Eu tinha que fazer seis noites por semana e uma colega fazia fazia uma por semana. Ora naquela casa, o senhor levantava - se três e quatro vezes por noite. Estava a ter sempre o sono entrecortado. Dormia uma vez por semana em casa; o que corresponde a quatro vezes por mês. Naquela altura foi duro para mim. Sempre fui muito sonolenta e o não dormir deixa-me muito cansada. Além disso, penso que ser só uma cuidadora a assegurar os serviços nunca dá certo: podemos adoecer, precisamos sempre de uns dias para descansar ou para estar com a nossa família. Aí tem que vir outra cuidadora. Logo há mudança! Porque não habituar o utente logo a duas caras!
Além disto, a filha do utente sendo simpática tinha um feitio não muito fácil. Um dia disse-lhe que tinha que sair mesmo ás nove da manhã porque ia apanhar o autocarro ás nove e cinco. Resposta dela : nem o das nove e vinte cinco vai apanhar quanto mais o das nove e cinco.
Eu tenho de respeitar os utentes e famílias mas quero ser respeitada! Todos temos vida privada e eu queria resolver assuntos da esfera privada. Saí daquela casa.
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