Rezar
Ha cerca de um ano atrás fui fazer umas noites a casa de um casal. Ele era um homem alto, tinha jogado basket num clube da cidade, era engenheiro e orgulhava-se de ter construído alguns prédios da cidade. Tinha também grande orgulho no seu filho. Este era psicólogo. No entanto, o filho era só do senhor. A esposa não podia ter filhos e ele queria deixar descendentes neste mundo. Todos os dias o senhor saia logo de manhã para fazer fisioterapia.
A senhora era cega e estava acamada. Passava todos os dias na cama e só no seu quarto. Aparecia sempre uma enfermeira de manhã para lhe dar o banho; tinham uma empregada que arrumava a casa, mudava a fralda da senhora e lhe assegurava a alimentação e medicação. À noite vinha sempre uma cuidadora para dormir no mesmo quarto que ela.
Eu fui lá fazer duas ou três noites. A senhora não dava própriamente trabalho - mudança de fralda quando necessário, dar a ceia e a medicação. Depois apagava-se a luz e tentava-se dormir um pouco. Pequeno problema a senhora passava a noite a rezar e fazia do lençol o seu terço. Pegava numa ponta do lençol e começa a rezar e ia andando com os dedos no lençol como se aquilo fosse um terço. Percorria o lençol de uma ponta á outra e quando chegava ao fim dizia - me : ó menina dá-me mais terço. Lá me levantava e metia-lhe uma ponta do lençol nas mãos e lá dava mais uma volta de rezas!
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