cabelos compridos
Uma das utentes a quem dei apoio, uma senhora que tinha sido professora, casada com um senhor ligado à magistratura. Tinham filhos - cada um em sua cidade e com os seu trabalhos. Assumo que não foi uma utente com quem tenha tido muita empatia. Era uma senhora difícil que não tinha pudor em gritar fosse com quem fosse. E não fazia o que não lhe apetecia. Problema!? Nunca lhe apetecia fazer nada (a não ser estar deitada no sofá). Não aceitava fazer fisioterapia, nem ser vista por médicos, nem colocar aparelhos nos ouvidos; não aceitava que o marido saísse para dar uma volta, não aceitava ficar só na sala e pior não aceitava tomar banho e muito menos lavar o cabelo.
Optámos por começar a ouvi-la gritar - o marido passou a sair, a fisioterapeuta começou a fazer-lhe exercícios, ficava só por bocados na sala, passou a ser seguida por um dos filhos que era médico. E nós cuidadoras passámos a dar-lhe banho á traição. Nos dias estipulados, arranjávamos a casa de banho, a toalha,a roupa, enfiávamos a senhora na banheira e nem lhe perguntávamos.
O cabelo é que era pior. Nem por nada o queria lavar. Tinha o cabelo comprido até meio das costas. Era um cabelo super fino que ficava oleoso com facilidade. Mas ela dizia que não queria estragar o cabelo logo não o queria lavar. Então para a convencermos, quando o cabelo estava sujo, colocávamos luvas nas mãos para a pentearmos. Então perguntava : tem nojo do meu cabelo? Tenho está sujo!!! Pode lavar e tirar as luvas. Pronto, cabelo lavado para mais quinze dias!
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