Cortesia

A utente, que mais tenho acompanhado nos últimos tempos, é uma senhora com os seus 84 anos. Tem parkinson; algumas ansiedades e está com cada vez menos mobilidade. Toma imenso ansiolíticos e comprimidos para dormir; o que significa que ainda se torna mais difícil movimentar-se pois fica sob o efeito dos medicamentos. Tanto é que ela morava numa casa que tinha degraus logo à entrada e depois uma escadaria dentro de casa e foi necessário mudá-la para um apartamento num prédio com elevador. Tinha -se tornado insustentável subir e descer escadas com ela. 

No entanto, ela não tinha consciência desta sua limitação. Acha que se consegue movimentar sem problemas. Ora, se estivermos em casa e ela quiser fazer pequenos percursos e demorar muito tempo, não há muito problema; como se costuma dizer: ninguém anda atrás de nós. Agora em certas situações torna-se constrangedor ela querer andar a pé.

Uma vez, eu tinha acabado o meu turno e despedi-me dela, dizendo-lhe: boa noite e até amanhã. E ela respondeu-me: desculpe não a acompanhar à porta. Manifestou cortesia!

No entanto, uma vez que fomos ao cabeleireiro e em que ela já estava prontinha para lavar o cabelo, resolveu que queria ir à casa de banho. Até aí muito bem. Fui buscar a cadeira de rodas. Mas ela resolveu que queria ir a pé. Levámos mais de meia hora a fazer o percurso e a cabeleireira teve que ficar á espera e os outros clientes também. Uma vergonha! 



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