Dormir a sesta


A certa altura deste meu percurso, fui parar a casa de um casal de professores primários. Colaborei com essa família durante um mês e saí.

Tinham ambos já mais de 85 anos. A senhora estava bastante bem para a idade que tinha. O marido estava bastante mais abatido; sobretudo relativamente á esposa. Era necessário ajudar a levantar, preparar refeições para que ele as ingerisse, dar banho, ajudar a vestir e depir, levar para a sala ou para o quarto, etc.

Gostava dele! Dentro das circuntâncias mantinha algum humor. Cantava umas músicas em tom de provocação (alusivas a mulheres) mas que nós cuidadoras encarávamos também com humor.

Não fiquei naquela casa mias do que um mês porque não conseguia concordar com as rotinas que a esposa implementava relativamente ao seu marido. Na minha opinião aquilo não era vida. O marido tinha que dormir a meio da manhã,a seguir ao almoço, antes do jantar e depois toda a noite. Ora ninguém aguenta dormir todas estas horas. O tempo que não estva a dormir tinha que o passar à frente da televisão (numa sala que não tinha luz natural).

Além disto, a esposa do senhora era inexpressiva. Eu não conseguia interpretar o que ela queria. E em vez de dizer directamente aquilo que pretendia, comunicava ao dono da empresa que por sua vez nos comunicava a nós. Mas pior que isto, eu não conseguia concordar com as opiniões que ela tinha e comunicava ao dono da empresa. 

Uma vez queixou-se que eu mudei uma fralda ao marido. (queixa feita ao dono da empresa). E realmente mudei! Pormenor!? Ela exigia que o marido usasse a mesma fralda durante 24 horas seguidas. Ou seja, podiamos mudar-lhe a fralda de manhã! E eu um dia a meio da noite, por achar que a fralda estava ensopada mudei! Não gostou! E eu saí! 

Fiquei com a ideia que o lema daquela casa era: dormir  - dar pouco trabalho - poupar!
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