Professora

Na casa da senhora que não gostava de lavar o cabelo, eu aos fins de semana fazia noites. Durante a semana ia lá só para dar apoio nas refeições - almoço e lanche. Esta era uma senhora difícil. Tinha sido professora numa escola da cidade. Não sei como teria sido em nova mas na altura em que lhe dei apoio era uma pessoa autoritária. Não colaborava em nada: não aceitava o banho, não queria fazer fisioterapia, não queria andar pequenos percursos (quarto-cozinha; cozinha-sala; sala-quarto); não aceitava ficar sózinha na sala. Tudo era motivo de gritaria.Queria a sala sempre com as persianas corridas - era raro ver a luz do dia!

O horário das cuidadoras era feito de modo a ajudarmos nas refeições - almoço, lanche e jantar. E passávamos as noites com ela (o marido dormia noutro quarto). Tinham empregada durante a semana. Sábados e domingos éramos só as cuidadoras a ajudar.

O que me fazia mais impressão neste caso não eraapenas a maneira de ser da utente; era sobretudo a prisão em que vivia o marido; o peso que ele tinha nos ombros. E, sobretudo, vermos que ele não gostava de viver assim. Ele só podia ssair básicamente quando nós lá estávamos. Duas horas á hora do almoço e uma hora á hora do lanche. Aos fins de semana praticamente não saia. E ele, com os seus 82 anos, estava bem de saúde e era autónomo; gostava de sair e estar com amigos. Mas a esposa exercia um poder sobre ele que o impedia de ir. E era notório o sacrificio dele! Dava dó!


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