Ser Cuidadora
Ser cuidadora em Portugal é ter um trabalho verdadeiramente precário. Passamos recibos verdes, ganhamos à hora, fazemos nós os descontos para a segurança social, pagamos IRS, se tivermos dias de férias não recebemos. Ou seja só compensa se trabalharmos que nem "malucas" ou se acumularmos com outros trabalhos. Óbviamente que com as dificuldades que existem em arranjar outros empregos há sempre quem vá aceitando trabalhar como cuidadora em condições muito precárias (incluindo eu que trabalho nesta área há mais de cinco anos). A juntar a isto as empresas aproveitam-se das situação e contratam pessoas e não têm que assumir encargos com impostos, o que lhes facilita enormemente o funcionamento.
Assim, nós cuidadoras precisamos de fazer horas a fio para termos um ordenado minimamente de jeito ao fim do mês. As empresas aproveitam essa situação e solicitam-nos que façamos turnos atrás de turnos. Já me aconteceu fazer doze horas durante a noite e logo de seguida ir fazer doze horas durante o dia; já me aconteceu dormir uma noite por semana em casa, ou seja, quatro noites por mês em casa. Uma vez que dormi em casa, estava tão cansada que o m eu marido entrou no quarto e eu pensava que tinha sido apanhada pelo filho de uma utente, enquanto estava a dormir. Dei por mim a dizer "desculpe desculpe desculpe" e afinal estava em casa.
Tive que me adaptar a trabalhar assim mas agora tenho de definir eu o que quero e não quero fazer. Quanto tenho de ter ao fim do mês e aquilo que consigo fazer sem ficar estoirada.
Pela minha saúde e pelo bem estar dos utentes!
Claro que qualquer cuidador/a, profissional, ou familiar, terá de ter períodos de trabalho e descanso, como qualquer trabalhador. Também de aprender a fazer certos trabalhos com uma técnica que menorize o esforço. Os idosos devem ser seguidos por médicos e enfermeiros que definam as necessidades que os cuidadores complementam. Beijinhos Catarina. <3
ResponderEliminarpois! na pratica nem sempre acontece!
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