Ser diferente
No meu percurso pelo apoio domiciliário, dei apoio durante uns meses a um senhor com deficiência mental. Era um senhor já na casa dos sessenta anos e que frequentava uma associação de apoio a pessoas com deficiência mental. Todos os dias ele ia na carrinha para o centro de actividades ocupacionais dessa associação. Ao fim da tarde regressava. Este senhor vivia com duas irmãs que eram as suas tutoras. Eram professoras e era interessante ver como lidavam relativamente bem com a situação de viver com um irmão portador de deficiência e que nunca podia ficar sozinho em casa. Alteravam-se para poderem sair e ir a cinemas e espectáculos.
Eu tinha que o ir esperar todos os dias da semana à prta da casa dele. Vinha na carrinha da associação. Subíamos e as rotinas eram sempre iguais. Entravamos em casa, lanchava, tomava banho, vestia o pijama, fechava todas as persianas da casa, fazíamos um pouco de marcha pela casa e sentava-se no sofá á espera das irmãs.
Um dia chegou a casa com um convite para as irmãs irem à sua festa de natal na associação que frequentava. E a sua grande alegria qual era? Ia participar na peça de teatro: ia ser a vaquinha no presépio! Tão fácil fazê-lo feliz!
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