Corta a cidade a meio
Quando eu estava na ACAPO, numa das suas Delegações, costumava acompanhar o dirigente maximo da associação. Este era um homem já com os seus sessenta anos; tinha um metro e noventa e pesava 150 quilos. Cegou aos vinte e poucos anos; tinha saido da sua cidade e estava no 1º ano de medicina em Coimbra. Apanhou um vírus que se alojou nos olhos e ficou cego. Desistiu do curso de medicina e tirou o curso de regente agricola. (já depois de totalmente cego, ensinou vários jovens a conduzir tractores). Era um homem que não baixou os braços, autonomizou-se e conhecia bem certos percursos nas cidades por onde foi vivendo. Fazia viagens de comboio sózinho - só tinhamos que o ir buscar ás estações.
Algumas vezes, saia com ele de carro na cidade onde estava a Delegação da ACAPO onde eu trabalhava. Ele dizia-me para onde queria ir e eu começava os percursos. Só me lembro de ele me dizer :ó filha não vás por aí! Corta a cidade a meio! E eu lá ia seguido as suas instruções!
Um dia viemos a Coimbra! E ele disse-me para eu parar nas bombas de gasolina que ficavam a meio do percurso. Resolvi seguir caminho e não parei! E ele perguntou-me : porque não paraste? E eu disse-lhe que ainda não tinhamos passado as bombas. Resposta dele: nunca mais me mintas! Sei que já passámos a curva tal e agora estamos na recta Y.
Sempre que regressávamos á cidade da delegação onde eu trabalhava, este deirgente conseguia sempre saber que já estávamos a entrar na cidade e sempre que estáaamos a passar ao lado de um determinado supermercado, ele pegava no seu telemóvel e ligava á esposa e dizia-lhe: podes fazer-me uma omolete!
Este senhor deixou grandes marcas em mim!
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