Variações a velhices

Quando há uns anos atrás estive a trabalhar na associação de cegos e ambliopes de portugal, contactei com vários casos de pessoas com deficiência visual. Nesta associação, dava-se apoio a pessoas com esta deficiência (cegueira ou ambliopia) de todas as idades - crianças, jovens, adultos e idosos.

Hoje lembrei-me de um senhor com ambliopia (baixa visão) que era artesão: fazia cadeiras em verga e vendia em feiras. Uma vez, no dia internacional da pessoa com deficiência (3 de Dezembro), houve uma exposição no hospital da cidade onde estava a delegação da ACAPO em que eu trabalhava. Nesta exposição estavam expostos trabalhos das várias instituições de deficiência da cidade. Este artesão com baixa visão fez uma série de cadeiras naqueles dias e conseguiu vendê-las todas. E a alegria que ele tinha por ter feito negócio! Foi tão bom vê-lo contente! Ele vivia numa aldeia dos arredores da cidade e tinha dois filhos! Estes nunca tinham tido brinquedos na vida.

Nesta época, eu trabalhava também num jardim de infância  desta cidade. Um dia veio a mãe de umas das crianças dizer-me que tinha feito uma remodelação ao quarto da filha e que não sabia o que fazer com os brinquedos que la estavam (e que a filha já não queria). Pedi-lhos! Levei-os para a ACAPO e fomos levá-los aos filhos do artesão que tinha ambliopia. 

Os filhos dele ficaram contentes mas muito mais contente ficou aquele pai por ver os filhos a terem brinquedos pela primeira vez na vida.
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