Andar de gatas
Durante uns meses fui a casa de uma senhora com Alzheimer bastante acentuado. Era uma senhora solteira que se tinha dedicado muiito aos seus sobrinhos. Um deles cresceu mesmo com ela. Havia uma grande afinidade entre eles. A senhora podia não se lembrar da voz de ninguém mas daquele sobrinho ela reconhecia mesmo á distância.
Esta senhora sabia o nome da rua onde tinha morado antes de estar na morada actual, lembrava-se do nome do seu local de trabalho. Sabia o nome do irmão mais velho mas dos outros nem sempre acertava.
Claro que os nomes das cuidadoras ela não conseguia reter. Eu tentava que ela se fosse lembrando do meu e que associasse o meu nome á minha voz. Por vezes resultava.
Um dia, á hora de deitar, levei-a para o quarto e sentei-a na sanita. Tirei-lhe a roupa para lhe vestir a camisa de dormir. Para lhe tirar as meias e vestir os carapins, pûs-me de joelhos e baixei-me. Quando me levantei ela viu-me e perguntou-me: andas de gatas Palmira? Palmira era uma antiga empregada.
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